Run On: na direção contrária das expectativas [CONTÉM SPOILERS]
Terminei de assistir os 16 episódios de Run On ("Na Direção do Amor", em português) e ainda não sei o que falar sobre. Quero falar MAL, mas nem isso tá saindo. Tô há meia hora pensando em como explicar o enredo, como descrever os personagens, e não sai nada. Acabei de ter um insight e acho que sei o porquê: é que a própria série não me deu material suficiente pra isso.
Vamos lá, antes que eu desista: numa livre versão da sinopse da Netflix, Run On apresenta Ki Seon Gyeom (Im Siwan), um velocista que, apesar de não ser extremamente bem-sucedido na carreira esportiva, tem sua vida sob os holofotes graças à fama da mãe, uma atriz famosa; do pai, um deputado de moral duvidosa; e da irmã, golfista número um do país. Um evento se aproxima em que o atleta será entrevistado por jornalistas do mundo todo, então seu pai contrata uma intérprete, Oh Mi Joo (Shin Saekyeong) que, além do serviço de tradução, ofereça também um par de olhos extras pra cuidar da vida do rapaz e garantir que ele não se meta em confusão. Assim, de cara, dá pra saber mais ou menos o que está por vir, certo?
É, meu erro foi pensar assim e criar essa expectativa - e é claro que qualquer resultado seria frustrante depois de dois primeiros episódios decentes, que realmente prometiam alguma coisa. O jovem velocista e a tradutora-intérprete não se entendem de jeito nenhum, o que pode ser muito legal pra gerar aquele choque de enemies to lovers que a gente gosta, mas não chega a ser assim - é mais como se eles não estivessem falando a mesma língua em nenhum momento. Será que era pra ser uma metáfora, uma referência intertextual, que eu não peguei?
Os primeiros episódios trazem um protagonista com um jeitinho peculiar, meio aéreo, que parece pensar e se comunicar de um jeito diferente dos demais. Seon Gyeom, ao ver um amigo novato no esporte sofrer agressão de veteranos invejosos, denuncia o caso e se torna também um agressor para proteger o jovem, mas logo vê que sua busca pela justiça é em vão num meio onde popularidade e dinheiro são os verdadeiros juízes. A heroína Mi Joo, por sua vez, se mostra uma mulher independente e bem resolvida, que ama cinema, videogames e carrega consigo uma arma de brinquedo. Como se não bastassem alguns primeiros encontros acidentais engraçados, o casal principal tem um excelente momento juntos logo no início do drama, o que dá a sensação de que, daí pra frente, as coisas só melhoram. Spoiler: totalmente o oposto.
"Hmm, mas o casal secundário é promissor", foi o que eu pensei, também. Lamento informar: pura ilusão! A promessa, não só sobre eles, mas sobre tudo a respeito de Run on existe, só nunca se cumpre. Falando sobre o casal em questão, é especialmente frustrante o que acontece, porque o material pra dar certo está todo ali: ela, Seo Dan Ah (Choi Sooyoung, do Girls Generation) uma CEO fria e inacessível; ele, Lee Yeonghwa (o lindo Kang Taeoh), um estudante de pintura sensível e imaturo. A cena da primeira vez que os dois se encontram é de tirar o fôlego e já dá pistas da química explosiva que o casal poderia ter - sim, poderia, porque o que vemos acontecer é um desperdício de conteúdo.
Aliás, essa é a palavra que traduz melhor como me sinto em relação a Run On: um desperdício. A série traz personagens com profissões, personalidades e histórias de vida interessantes, só que nada disso ganha fôlego no roteiro, muito pelo contrário: a corrida enfraquece antes mesmo de ganhar ritmo. Somos arrastados pelas tramas de personagens que até poderiam acrescentar algum valor à história, mas que não chegam a conquistar seu espaço no coração da audiência. Sem contar as pontas soltas que se acumulam ao longo dos episódios e não encontram resolução no final: a doença de Dan Ah, o que era aquilo, afinal? Foi motivo de crise no relacionamento e depois ficou esquecida no churrasco. O irmão idol da CEO, que é insuportável e não se conecta de jeito nenhum com a trama? A amizade forçadíssima e sem pretexto nenhum entre Mi Joo e Dan Ah? A sexualidade do amigo do Yeonghwa, a boxeadora, o escândalo da Eun Bi, a crise na família do Seon Gyeom, tudo isso é lançado no ar e fica pairando, sem maiores consequências na trama. Por outro lado, os conflitos que se desenrolam são fracos e não cativam: brigas sem sentido e uma comunicação que, às vezes, parece que se perdeu na tradução. Seria irônico se fosse um problema na legendagem.
A série tem, sim, alguns bons momentos: depois de Strangers From Hell, eu estava doida pra ver a atuação do Siwan de novo e, mesmo não sendo nas melhores circunstâncias, posso dizer que vê-lo interpretando um personagem tão diferente me surpreendeu. Dá pra curtir ainda a beleza do quarteto principal, o charme irresistível do novinho Kang Taeoh, a musiquinha sexy que toca em toda cena da Seo Dan Ah, uns poucos diálogos marcantes e uma quase ideia meio presente ao longo da trama de que vale a pena correr atrás dos sonhos, mas nada que compense o cansaço causado por essa corrida na direção contrária das expectativas por um bom entretenimento.
Me forcei a terminar esse Dorama mas me arrependi. Parece até que faltou verba e não conseguiram finalizar a história direito . Tô bem frustrada
Crítica perfeita! É um desfile de atuações medíocres sem fim. O enredo caberia em 3 episódios e sobraria tempo. Os outros 13 foram “encheção de linguiça”. Nada flui, nada encanta. Sem química, sem carisma de atores ou da história. Sem contar as pontas soltas sem solução. Enfim a Coreia também produz “lixo artístico “.
Obrigada, vc escreveu tudo que eu estava pensando sobre esse drama. Eu terminei na força do ódio, as atuações eram impecáveis mais o roteiro, sem comentários!
Nem sabendo que tem recompensa no ultimo epi, eu acho que volto a assistir!! achei arrastado demais e não sei como cheguei até o epi 7!!! guerreira demaaais de ter acabado!!
Ai, Let... guerreira!! Eu tentei TANTO gostar desse drama, mas nem a correntinha ou os oclinhos me levaram até o final! Esse drama parece feito pra print de diálogo e fancam pra postar no twitter, né, porque é exatamente o que você disse: o trem não anda!!!!